Stahl, G., Koschmann, T., & Suthers, D. (2006). Computer-supported collaborative learning: An historical perspective. In R. K. Sawyer (Ed.), Cambridge handbook of the learning sciences (pp. 409-426). Cambridge, UK: Cambridge University Press. Available at http://GerryStahl.net/cscl/CSCL_English.pdf in English, http://GerryStahl.net/cscl/CSCL_Chinese_simplified.pdf in simplified Chinese, http://GerryStahl.net/cscl/CSCL_Chinese_traditional.pdf in traditional Chinese, http://GerryStahl.net/cscl/CSCL_Spanish.pdf in Spanish, http://GerryStahl.net/cscl/CSCL_Portuguese.pdf in Portuguese, http:/ GerryStahl.net/cscl/CSCL_German.pdf in German, http://GerryStahl.net/cscl/CSCL_Romanian.pdf in Romanian, http://GerryStahl.net/cscl/CSCL_Japanese.pdf in Japanese. Translations by permission of Cambridge University Press.

 

Aprendizagem colaborativa com suporte computacional: Uma perspectiva histrica

 

Gerry Stahl, Timothy Koschmann, Dan Suthers

 

Traduzido por: Hugo Fuks, Tatiana Escovedo (Portugus do Brasil)

 

 

A Aprendizagem Colaborativa com Suporte Computacional (CSCL) um ramo emergente das cincias da aprendizagem que estuda como as pessoas podem aprender em grupo com o auxlio do computador. Como ser visto neste artigo, at mesmo esta simples sentena esconde uma complexidade considervel. A interao da aprendizagem com a tecnologia revela-se bastante complexa. A incluso da colaborao, da mediao pelo computador e da educao a distncia problematizaram a noo de aprendizagem e levantaram questes referentes a premissas anteriores sobre como estudar este tema.

Como em muitos ramos ativos da pesquisa cientfica, a CSCL relaciona-se de forma complexa com disciplinas estabelecidas, evolui de forma difcil de precisar e inclui contribuies importantes que parecem incompatveis entre si. A rea da CSCL tem uma longa histria de controvrsias sobre sua teoria, mtodos e definies. Alm disso, importante entender a CSCL como uma viso do que possvel alcanar usando computadores, e de quais pesquisas devem ser desenvolvidas, e no como um corpo estabelecido de experimentos aceitveis e de prticas de ensino. Ns comearemos a partir de algumas noes comuns extradas de artigos sobre CSCL e gradualmente revelaremos sua natureza mais complexa. Iremos rever o desenvolvimento histrico da CSCL e apresentar nossa perspectiva do seu futuro.

CSCL na educao

Assim como o estudo de formas particulares de aprendizagem, a CSCL est intimamente relacionada com a educao. Ela se aplica a todos os nveis da educao formal, desde o jardim de infncia at a graduao, e tambm educao informal, como por exemplo museus. A importncia dos computadores para a CSCL crescente, levando polticos ativos no campo da educao no mundo todo a aumentar o acesso de estudantes a computadores e Internet. A idia de estimular alunos a aprenderem em grupos pequenos tambm vem sendo enfatizada nas cincias da aprendizagem mundo afora. Entretanto, a habilidade de combinar essas duas idias (suporte computacional e aprendizagem colaborativa, ou tecnologia e educao) para efetivamente enriquecer o aprendizado demanda um desafio que cabe CSCL investigar.

Computadores e educao

Computadores em sala de aula so freqentemente vistos com ceticismo. Eles so vistos por crticos como entediantes e anti-sociais, santurios para nerds e uma forma mecnica e desumana de treinamento. A viso na qual a CSCL est baseada exatamente a oposta: ela prope o desenvolvimento de novos softwares e aplicaes que propiciem a aprendizagem em grupo e que ofeream atividades criativas de explorao intelectual e interao social.

A CSCL teve sua ascenso nos anos 1990, como reao aos softwares que obrigavam os alunos a aprender de forma individual e isolada. O potencial da Internet em conectar pessoas de formas inovadoras estimulou a pesquisa em CSCL. Durante o desenvolvimento da CSCL, os problemas de design, disseminao, e o aproveitamento efetivo das vantagens oferecidas pelos softwares educacionais inovadores tornaram-se cada vez mais aparente. Tornou-se necessria uma real transformao do conceito de aprendizagem, envolvendo mudanas significativas na escola, no ensino e no modo de ser aluno.

E-learning a distncia

A CSCL freqentemente combinada com e-learning, que consiste na organizao da instruo atravs de redes computacionais. O e-learning muitas vezes estimulado pela crena ingnua de que o contedo da aula pode ser digitalizado e disseminado para um grande nmero de alunos com baixo envolvimento contnuo de professores ou custos adicionais, tais como construo e transporte. Esta viso apresenta vrios problemas.

Em primeiro lugar, no verdade que a publicao do contedo, tal como slides, textos ou vdeos, implica em instruo efetiva. Tais contedos podem prover recursos importantes para os alunos, assim como os livros sempre fizeram, mas eles s podem ser efetivos dentro de um contexto mais interativo com muita motivao.

Em segundo lugar, o ensino online requer no mnimo tanto esforo da parte dos professores como quando eles ensinam na sala de aula. O professor precisa no s preparar contedos e torn-los disponveis no computador, ele tambm precisa motivar e guiar cada aluno, atravs de interao contnua e da sensao de presena. Ainda que o ensino online possibilite a participao de alunos do mundo todo e tambm que os professores trabalhem de qualquer lugar desde que conectados Internet, o ensino online implica num aumento significativo do esforo do professor por aluno.

Em terceiro lugar, a CSCL impe a colaborao entre os alunos; eles no esto simplesmente reagindo isoladamente a contedos publicados. Neste caso, a aprendizagem acontece atravs das interaes entre os alunos. Eles aprendem atravs das suas perguntas, perseguindo conjuntamente linhas de raciocnio, ensinando um ao outro e vendo como os outros esto aprendendo. Suporte computacional para este tipo de colaborao crucial para uma abordagem CSCL em e-learning. Estimular e manter uma interao produtiva entre alunos algo difcil de se alcanar e requer planejamento estratgico, coordenao e a implantao de currculo, pedagogia e tecnologia apropriados.

Em quarto lugar, CSCL tambm abrange a colaborao face-a-face (F2F). Aprendizagem com suporte computacional nem sempre se manifesta por meio da comunicao online; o suporte computacional pode envolver, por exemplo, uma simulao computacional de um modelo cientfico ou de uma representao interativa compartilhada. Neste caso, a colaborao focada na construo e explorao da simulao ou representao. Alternativamente, um grupo de alunos pode usar um computador para navegar pela Internet e discutir, debater e apresentar o que eles aprenderam colaborativamente. O suporte computacional pode tomar a forma de interao a distncia ou face-a-face, tanto sncrona quanto assincronamente.

Aprendizagem colaborativa em grupos

O estudo da aprendizagem em grupos comeou muito antes da CSCL. Mesmo nos anos 1960, antes do aparecimento dos computadores pessoais interconectados, havia uma investigao significativa sobre aprendizagem colaborativa realizada pelos pesquisadores de educao. A pesquisa sobre grupos pequenos tambm tem uma longa histria dentro da psicologia social.

Para diferenciar CSCL desta investigao preliminar sobre aprendizagem em grupo, deve-se distinguir a aprendizagem cooperativa da colaborativa. Em uma discusso detalhada sobre esta distino, Dillenbourg (1999a) generalizou-a da seguinte forma:

Na cooperao, os parceiros repartem o trabalho, resolvem as sub-tarefas individualmente e ento juntam os resultados parciais em um resultado final. Na colaborao, os parceiros fazem o trabalho 'conjuntamente'. (p. 8)

Posteriormente, ele referenciou a definio de colaborao de Roschelle & Teasley (1995):

Este captulo apresenta um estudo de caso com o intuito de exemplificar o uso do computador como ferramenta cognitiva para a aprendizagem que ocorre socialmente. Ns investigamos uma forma particular e importante de atividade social, a construo colaborativa de novos conhecimentos para a resoluo de problemas. A colaborao um processo atravs do qual indivduos negociam e compartilham entendimentos relevantes resoluo do problema em questo.... A colaborao uma atividade coordenada e sncrona, resultado de uma tentativa contnua de construir e manter um entendimento compartilhado de um problema. (p. 70, nfase adicionada)

Para um pesquisador de educao, este um contraste significante. Na cooperao, a aprendizagem realizada por indivduos que contribuem com seus resultados individuais e apresentam a sua agregao como o produto do grupo. Aprender em grupos cooperativos visto como algo que se realiza individualmente – e deste modo pode ser posteriormente estudado com os conceitos e mtodos tradicionais da pesquisa em educao e psicologia.

Em contraposio, na caracterizao da colaborao feita por Roschelle & Teasley, a aprendizagem ocorre socialmente de modo similar construo colaborativa do conhecimento. Certamente, os indivduos esto envolvidos como membros do grupo, mas as atividades nas quais eles esto engajados no so atividades de aprendizagem individual, mas sim nas interaes do grupo, como negociao e compartilhamento. Os participantes no se isolam para realizar atividades individualmente, mas mantm-se engajados em uma tarefa compartilhada que construda e mantida pelo e para o grupo como tal. A negociao colaborativa e o compartilhamento social daquilo que entendido pelo grupo – fenmeno central da colaborao – no pode ser estudado pelos mtodos tradicionais da psicologia.

Colaborao e aprendizagem individual

Como vimos, aprendizagem colaborativa envolve indivduos como membros do grupo, mas tambm envolve fenmenos como a negociao e o compartilhamento dos entendimentos – incluindo a construo e a manuteno das concepes compartilhadas das tarefas – que so cumpridas interativamente atravs de processos em grupo. Aprendizagem colaborativa envolve aprendizado individual, mas no se limita a isto. A dicotomia entre a viso que enxerga a aprendizagem colaborativa como um processo do grupo versus a que a enxerga como uma agregao de mudanas individuais o dilema central da CSCL.

Estudos preliminares da aprendizagem em grupo tratavam a aprendizagem fundamentalmente como um processo individual. O fato de indivduos trabalharem em grupo era tratado como uma varivel contextual que influenciava a aprendizagem individual. J na CSCL, a aprendizagem analisada como um processo do grupo; sem desconsiderar a anlise da aprendizagem individual. Isto torna a metodologia da CSCL nica, como veremos neste artigo.

At certo ponto, a CSCL uma reao a tentativas anteriores de se usar a tecnologia na educao e de se entender o fenmeno da colaborao usando mtodos tradicionais das cincias da aprendizagem. Estas cincias ampliaram o foco estreito da aprendizagem individual para poder incorporar tanto a aprendizagem individual como a do grupo. A evoluo da CSCL seguiu este caminho.

A Evoluo Histrica da CSCL

O comeo

Trs projetos preliminares – o Projeto ENFI, da Universidade Gallaudet, o projeto CSILE, da Universidade de Toronto e o Projeto Fifth Dimension, da Universidade da California em San Diego – foram precursores naquilo que posteriormente ascenderia como a rea que compreende a CSCL. Todos os trs exploraram o uso da tecnologia com o intento de melhorar a aprendizagem relacionada literatura.

O Projeto ENFI produziu alguns dos primeiros exemplos de programas para composio literria com suporte computacional ou CSC Writing (Bruce & Rubin, 1993; Gruber, Peyton & Bruce, 1995). Alunos que estudaram na Gallaudet so surdos ou tm pouca audio; muitos destes alunos entraram na faculdade com deficincias na comunicao escrita. O objetivo do Projeto ENFI foi o de engajar os alunos em escrever de duas novas maneiras: introduz-los idia de escrever mentalizando uma 'voz' e escrever tendo uma audincia em mente. As tecnologias ento desenvolvidas, ainda que avanadas poca, parecem rudimentares para os padres atuais. Salas de aula especiais foram construdas com mesas de computadores arranjadas em crculo. Um software que lembra os programas de chat atuais foi desenvolvido para possibilitar aos alunos e ao instrutor discusses textuais mediadas. Por prover um novo meio para comunicao textual, a tecnologia no projeto ENFI foi projetada para dar suporte a uma nova forma de construo de significados.

Outro projeto preliminar influente foi desenvolvido por Bereiter e Scardamalia, na Universidade de Toronto. Eles estavam preocupados pelo fato da aprendizagem em escolas ser freqentemente superficial e pouco motivante. Eles compararam a aprendizagem que acontece nas salas de aula com a que ocorre nas comunidades de construo de conhecimento (Beretier, 2002; Scardamalia & Bereiter, 1996), como nas comunidades de alunos direcionadas a um problema de pesquisa. No projeto CSILE (Computer Supported Intentional Learning Environment), posteriormente conhecido como Knowledge Forum, eles desenvolveram tecnologias e pedagogias para tornar as salas de aula em comunidades de construo de conhecimento. Assim como no Projeto ENFI, o CSILE buscou tornar a escrita mais significante, estimulando os alunos a produzir textos em conjunto. Entretanto, os textos produzidos em cada projeto eram muito distintos. Os textos do ENFI eram conversacionais; produzidos espontaneamente e geralmente no preservados aps o trmino de uma aula. Os textos do CSILE, por outro lado, eram arquivados, como literatura escolar tradicional.

Como no caso do CSILE, o interesse inicial do projeto Fifth Dimension (5thD) era aprimorar a habilidade de leitura (Cole, 1996). Ele comeou com um programa ps-escola organizado por Cole e alguns colegas da Universidade Rockefeller. Quando o Laboratrio de Cognio Humana Comparativa (LCHC) mudou-se para a Universidade da Califrnia em San Diego, o 5thD foi transformado em um sistema integrado de atividades baseadas no computador, selecionadas para aumentar a habilidade de leitura e de resoluo de problemas dos alunos. Introduziu-se o Maze, um jogo de tabuleiro cujo layout tem diferentes salas representando atividades especficas, como um mecanismo para registrar o progresso dos alunos e coordenar a participao no 5thD. O trabalho dos alunos foi acompanhado por revisores mais capacitados e por alunos de graduao voluntrios da Escola de Educao. O programa foi originalmente implementado em quatro localidades em San Diego, sendo eventualmente expandido para vrios lugares do mundo (Nicolopoulou & Cole, 1993).

Todos estes projetos – ENFI, CSILE e 5thD – compartilharam o objetivo de orientar a educao construo de significado. Todos os trs usaram computador e tecnologias da informao como recursos para atingir este objetivo, e introduziram novas formas de atividade social na instruo. Deste modo, eles fundaram as bases para a subseqente ascenso da CSCL.

Das conferncias comunidade global

Em 1983, um workshop sobre o tpico resoluo conjunta de problemas e microcomputadores ocorreu em San Diego. Seis anos depois, houve um workshop promovido pela OTAN em Maratea, Itlia. O workshop de 1989 em Maratea considerado por muitos a marca do nascimento da rea, como a primeira ocorrncia pblica e internacional do uso do termo aprendizagem colaborativa com suporte computacional como ttulo.

A primeira conferncia propriamente de CSCL foi organizada na Universidade de Indiana, no outono de 1995. Outros encontros internacionais posteriores ocorreram pelo menos a cada dois anos, com conferncias na Universidade de Toronto, em 1997, Universidade de Stanford em 1999, Universidade de Maastricht na Holanda em 2001, Universidade de Colorado em 2002, Universidade de Bergen na Noruega em 2003 e na Universidade Nacional Central em Taiwan em 2005.

Uma litertura especializada documentando a teoria e a pesquisa em CSCL foi desenvolvida desde o workshop em Maratea promovido pela OTAN. Os quatro documentos mais influentes so: Newman, Griffin, and Cole (1989) The Construction Zone, Bruffee (1993) Collaborative Learning, Crook (1994) Computers and the Collaborative Experience of Learning, and Bereiter (2002) Education and Mind in the Knowledge Age.

Adicionalmente, foram editadas vrias colees com foco especfico na pesquisa de CSCL: OMalley (1995) Computer-Supported Collaborative Learning, Koschmann (1996b) CSCL: Theory and Practice of an Emerging Paradigm, Dillenbourg (1999b) Collaborative Learning: Cognitive and Computational Approaches, e Koschmann, Hall & Miyake (2002) CSCL2: Carrying Forward the Conversation.

Uma srie (de livros) em CSCL publicada pela Kluwer (agora Springer) inclui cinco volumes at o momento: (Andriessen, Baker, & Suthers, 2003; Bromme, Hesse, & Spada, 2005; Goodyear et al., 2004; Strijbos, Kirschner, & Martens, 2004; Wasson, Ludvigsen, & Hoppe, 2003). Os anais das conferncias CSCL foram o principal veculo para publicaes da rea. Vrios peridicos tambm desempenharam este papel, particularmente o Journal of the Learning Sciences. O  International Journal of Computer-Supported Collaborative Learning comear a ser publicado em 2006. Apesar da comunidade estar originalmente centrada na Europa Ocidental e na Amrica do Norte, ela evoluiu para uma participao internacional bem equilibrada (Hoadley, 2005; Kienle & Wessner, 2005). A conferncia de Taiwan de 2005 e o estabelecimento do novo peridico internacional foram projetados para tornar esta comunidade verdadeiramente global.

Da inteligncia artificial ao suporte colaborao

Pode-se comparar a rea de CSCL com as iniciativas anteriores do uso de computadores na educao. Koshmann (1996a) identificou a seguinte seqncia histrica de iniciativas: (a) instruo assistida por computador, (b) sistemas tutores inteligentes, (c) Logo, (d) CSCL. (a) A instruo assistida por computador foi uma abordagem behaviorista que dominou os primeiros anos das aplicaes computacionais educacionais, iniciadas nos anos 1960. Nesta viso, a aprendizagem confundia-se com a memorizao de fatos. Domnios de conhecimento eram subdivididos em fatos elementares e apresentados aos alunos numa seqncia lgica atravs de repeties e prticas computadorizadas. Muitos softwares educacionais comerciais ainda seguem esta abordagem. (b) Sistemas Tutores Inteligentes eram baseados numa filosofia cognitivista que analisa a aprendizagem de cada aluno atravs de modelos mentais e de representaes mentais potencialmente equivocadas. Rejeitaram a viso behaviorista de que poderia haver um suporte aprendizagem sem levar em conta como os alunos representam e processam o conhecimento. Considerada particularmente promissora nos anos 1970, esta abordagem criou modelos computacionais do entendimento dos alunos e ento respondeu s suas aes com base em ocorrncias de erros tpicos identificados nos modelos. (c) Esforos nos anos 1980, exemplificados pelo ensino da linguagem de programao Logo, foram uma tentativa construtivista, cuja argumentao baseava-se no fato de que os alunos deveriam construir o seu conhecimento por eles mesmos. Esta abordagem ofereceu ambientes estimulantes para alunos explorarem e descobrirem o poder do raciocnio, como ilustrado nos elementos de programao: funes, sub-rotinas, loops, variveis, recurso, etc. (d) Durante a metade dos anos 1990, as abordagens CSCL comearam a explorar como computadores poderiam agrupar os alunos para aprender colaborativamente em pequenos grupos e em comunidades de aprendizagem. Motivadas pelo construtivismo social e teorias de dilogo, buscaram oferecer e dar suporte, para que juntos, os alunos construssem conhecimento compartilhado.

Quando os mainframes comearam a ser disponibilizados para o uso escolar e os microcomputadores comearam a aparecer, a inteligncia artificial (IA) estava perto do apogeu da sua popularidade. Era natural que pesquisadores de computao interessados em aplicaes educacionais da tecnologia computacional se sentissem atrados pelas excitantes promessas da IA. IA o software que imita quase com perfeio comportamentos que podem ser considerados inteligentes se feitos por um humano (ex: jogar xadrez levando em conta os prs e contras das seqncias alternativas de movimentos possveis). Sistemas Tutores Inteligentes constituem bons exemplos de IA, porque eles replicam a ao de um tutor humano – oferecendo respostas s entradas dos alunos (ex: detalhando etapas para a resoluo de um problema de matemtica) atravs da anlise das estratgias de resoluo de problemas dos alunos e do oferecimento de dicas atravs da comparao das aes dos alunos com modelos programados de entendimentos corretos e incorretos acerca do assunto em questo. Esta ainda uma rea ativa de pesquisa das cincias da aprendizagem, mas se limita aos domnios de conhecimento nos quais modelos mentais podem ser definidos algoritmicamente.

Na sua forma mais ambiciosa, a abordagem IA tentou atribuir ao computador certas funes de ensino que iriam requerer tempo e interveno de um professor. Para a CSCL, o foco da aprendizagem aprender atravs da colaborao com outros alunos em vez de diretamente do professor. Conseqentemente, o papel do computador passa de provedor de instruo – ainda que na forma de fatos da instruo apoiada por computador ou na forma de feedback de sistemas tutores inteligentes – para sustentculo da colaborao, atravs do oferecimento de meios de comunicao e apoio interao produtiva dos alunos.

O provimento de meios de comunicao a forma bsica de suporte colaborao que o computador oferece (ex: a rede de computadores conectada atravs da Internet). Exemplos so e-mail, chat, fruns de discusso, videoconferncia, mensagem instantnea, etc. Sistemas CSCL oferecem tipicamente uma combinao de diversos meios de comunicao, com funcionalidades especiais adicionadas.

Adicionalmente, ambientes de software CSCL oferecem vrias formas de suporte pedaggico ou apoio aprendizagem colaborativa, que podem ser implementados com tcnicas computacionais complexas, incluindo as tcnicas de IA. Eles podem oferecer vises alternativas da discusso em andamento entre os alunos e das informaes compartilhadas que emergem desta discusso. Eles podem prover feedback, possivelmente baseado num modelo de como grupos atacam problemas. Eles podem dar suporte social atravs do monitoramento de padres de interao e do oferecimento de feedback aos alunos. Na maioria dos casos, o processo de colaborao entre os alunos (e, freqentemente, o professor, tutor ou mentor) mais importante do que o computador. O software feito para dar suporte, e no para substituir esses processos.

Dos indivduos aos grupos de interao

Na poca da primeira conferncia bianual de CSCL, Dillenbourg, et al. (1996) analisaram a evoluo da pesquisa em aprendizagem colaborativa:

Por muitos anos, teorias da aprendizagem colaborativa tenderam a focar em como indivduos funcionam em grupo. Isto refletia uma posio que era dominante tanto na psicologia cognitiva quanto na inteligncia artificial nos anos 1970 e incio dos anos 1980, quando a cognio era vista como um produto dos processadores de informao individuais, e quando o contexto da interao social era visto mais como background para atividades individuais do que como um foco de pesquisa. Mais recentemente, o grupo propriamente tornou-se a unidade de anlise e o foco se deslocou emergncia das propriedades da interao, construdas socialmente.

Em termos de pesquisa emprica, o objetivo inicial foi estabelecer se e sobre quais circunstncias a aprendizagem colaborativa seria mais efetiva do a individual. Pesquisadores controlavam uma srie de variveis independentes (tamanho do grupo, composio do grupo, natureza da tarefa, meio de comunicao e assim por diante). Entretanto, estas variveis interagiam umas com as outras de uma forma que foi quase impossvel estabelecer relaes casuais entre as condies e os efeitos da colaborao. Conseqentemente, estudos empricos recentes mudaram o foco de estabelecer parmetros para colaborao efetiva para a tentativa de se entender o objetivo que cada varivel tem na interao mediada. Esta mudana para uma viso orientada a processos requer novas ferramentas para analisar e modelar interaes. (p.189, nfase adicionada)

A pesquisa revisada por Dillenbourg et al. - que estudou os efeitos da influncia de variveis da colaborao na aprendizagem individual – no produziu resultados claros. Efeitos em funo do gnero ou da composio do grupo (ex: nveis de competncia homogneos ou heterogneos) podem ser completamente diversos em idades diferentes, em domnios diferentes, com professores diferentes e assim por diante. Isto no violou apenas suposies metodolgicas de independncia de variveis, mas tambm levantou questes sobre como entender o que est por trs destes efeitos. Isto significa entender em detalhe o que ocorreu nas interaes do grupo que possa ter causado tais efeitos, o que requer o desenvolvimento de metodologias para anlise e interpretao das interaes do grupo. O foco no est mais no que possa estar se passando nas mentes dos aprendizes individuais, mas no que est se passando entre e atravs deles nas suas interaes.

Das representaes mentais construo significado a partir da interao

O deslocamento do foco da anlise para grupo como unidade coincidiu com o entendimento da comunidade como o agente da aprendizagem situada (Lave, 1991) ou construo colaborativa de conhecimento (Scardamalia & Bereiter, 1991). Mas isto tambm estimulou a elaborao de uma teoria social da mente, como a que Vygotsky (1930/1978) j tinha comeado a esboar, que poderia clarificar a relao dos aprendizes individuais com a aprendizagem colaborativa em grupos ou comunidades.

De acordo com Vygotsky, aprendizes individuais tm capacidades de desenvolvimento diferentes em situaes colaborativas das que eles tm quando esto trabalhando sozinhos. Este conceito de zona de desenvolvimento proximal definido como a medida das diferenas entre estas duas capacidades. Isto significa que no se pode medir a aprendizagem – ainda que a aprendizagem individual – que ocorre nas situaes colaborativas com o uso de pr- e ps-testes que medem as capacidades dos indivduos quando estes esto trabalhando sozinhos. Para perceber o que ocorre durante a aprendizagem colaborativa, no adianta teorizar sobre os modelos mentais dos indivduos, porque estes no capturam a construo de significado compartilhada que ocorre durante as interaes colaborativas.

Colaborao primordialmente conceitualizada como o processo de construo de significado compartilhado. A construo de significado no assumida como uma expresso de representaes mentais dos participantes individuais, mas sim como uma realizao da interao. A construo de significado pode ser analisada como se ocorresse durante as seqncias de declaraes ou mensagens dos mltiplos participantes. O significado no atribuvel s declaraes individuais dos alunos porque o significado tipicamente depende das referncias indexadas situao compartilhada, das referncias elpticas para declaraes anteriores e das preferncias que sero usadas em declaraes futuras (Stahl, 2006).

Das comparaes quantitativas aos micro casos de estudo

Observar a aprendizagem em situaes colaborativas diferente de observ-la em aprendizes isolados. Primeiro, em situaes de colaborao, os participantes mostram necessariamente de forma visvel sua aprendizagem como parte do processo da colaborao. Segundo, as observaes acontecem durante perodos de interao do grupo relativamente curtos, em vez de durante perodos longos entre os pr- e ps-testes.

Ironicamente, talvez, a princpio seja mais fcil estudar a aprendizagem em grupos do que a aprendizagem individual. Isto se deve necessidade que os participantes tm na colaborao de mostrarem uns aos outros o seu entendimento do significado que est sendo construdo na interao. Declaraes, textos e diagramas produzidos durante a colaborao so feitos pelos participantes para expressar o seu entendimento. Esta a base para a colaborao bem sucedida. Pesquisadores podem tirar vantagens destas contribuies (assumindo que elas permeiam as competncias interpretativas dos participantes e podem capturar um registro adequado das contribuies, por exemplo, em vdeo digital). Pesquisadores podem ento reconstruir o processo colaborativo atravs do qual cada participante do grupo construiu o significado compartilhado, algo que foi aprendido em grupo.

Metodologias como anlise de conversao (Sacks, 1992; ten Have, 1999) ou anlise de vdeo (Koschmann, Stahl, & Zemel, 2005) baseadas na etnometodologia (Garfinkel, 1967) produzem estudos de caso detalhados da construo colaborativa de significado. Estes estudos de caso no so meramente curiosidades. Eles podem ser baseados em procedimentos cientficos rigorosos com validade intersubjetiva, apesar de serem de natureza interpretativa e no quantitativa. Eles tambm podem representar resultados de aplicao genrica, nos quais os mtodos que as pessoas usam para interagir so profundamente compartilhados (pelo menos em comunidades ou culturas apropriadamente definidas).

Como a anlise dos mtodos da interao ajuda a guiar o projeto das tecnologias e pedagogias na CSCL? Esta questo aponta para a complexa interao entre educao e computadores na CSCL.

A interao da aprendizagem e tecnologia na CSCL

O conceito tradicional de aprendizagem

Edwin Thorndike (1912), um dos fundadores do mtodo educacional tradicional, escreveu:

Se, por um milagre da engenhosidade mecnica, um livro pudesse ser arranjado da forma que apenas para quem fez o que est proposto na pgina um, a dois ficasse visvel, e assim por diante, muito do que agora requer instruo pessoal poderia ser gerenciado por documentos impressos ... Crianas poderiam ser ensinadas a usar os materiais didticos de uma maneira mais til para o resto da vida. (p. 165)

 

Esta citao notvel em dois aspectos. Por sugerir que a idia central da instruo apoiada por computador precedesse o atual desenvolvimento de computadores; mas, mais importante ainda, por mostrar como o objetivo da pesquisa em tecnologia educacional est muito relacionada, de forma indistinguvel do objetivo convencional da pesquisa em educao, ao enriquecimento da aprendizagem como definida operacionalmente. Thorndike previu uma cincia educacional na qual toda a aprendizagem mensurvel e, portanto, todas as inovaes educacionais poderiam ser experimentalmente estimadas. Historicamente, pesquisas em tecnologia educacional esto vinculadas a esta tradio e representam uma especializao da mesma (cf., Cuban, 1986).

No passado, pesquisadores em educao haviam tratado a aprendizagem como um fenmeno puramente psicolgico. A aprendizagem era entendida a partir de trs caractersticas essenciais: Primeiro, ela representa um registro de experincia. Segundo, a aprendizagem sempre tratada como uma mudana que ocorre ao longo do tempo. Finalmente, a aprendizagem geralmente vista como um processo indisponvel para a inspeo direta (Koschmann, 2002a). Esta formulao to aceita culturalmente que difcil conceber aprendizagem de outra forma. Ela est respaldada em tradies estabelecidas na epistemologia e na filosofia da mente.

No entanto, a filosofia contempornea colocou estas tradies em questo. Os chamados filsofos edificadores (Rorty, 1974) – James, Dewey, Wittgenstein e Heidegger – rebelaram-se contra a viso da aprendizagem como um evento inacessvel no qual o conhecimento inscrito em uma mente individual. Eles aspiraram construir uma nova viso da aprendizagem e do conhecimento, que seria propriamente localizada no nosso dia-a-dia. A CSCL traz para si esta viso da aprendizagem mais situada, rejeitando por conseguinte as bases da pesquisa educacional convencional. A CSCL coloca a aprendizagem como o significado da negociao realizada no mundo social e no nas mentes dos indivduos. Das vrias teorias de aprendizagem scio-orientadas, a teoria da prtica social (Lave & Wenger, 1991) e as teorias dialgicas da aprendizagem (ex: Hicks, 1996) tm uma viso da aprendizagem como a construo de significado de forma socialmente organizada. A teoria da prtica social foca num aspecto da negociao de significado: a negociao da identidade social dentro de uma comunidade. As teorias dialgicas colocam a aprendizagem como o desenvolvimento emergente de significado dentro da interao social. Juntas, elas compreendem a base para uma nova forma de como pensar sobre e estudar a aprendizagem.

Projetar tecnologia para dar suporte construo de significado em grupo

Projetar em CSCL criar artefatos, atividades e ambientes que melhorem as prticas da construo de significado em grupo. Os rpidos avanos nos computadores e nas tecnologias de comunicao das ltimas dcadas, como a Internet, mudaram dramaticamente a maneira que trabalhamos, brincamos e aprendemos. Entretanto, nenhuma forma de tecnologia, no importando o quanto de inteligncia foi aplicada no seu projeto, tem a capacidade de, por si s, mudar a prtica. Para se criar a possibilidade de alguma prtica enriquecedora, so necessrias formas de projeto multifacetadas (trazendo conhecimento, teorias e prticas de vrias disciplinas): projetar o que relacionado ao currculo (projeto pedaggico e didtico), recursos (cincias da informao e da comunicao), estruturas de participao (projeto da interao), ferramentas (projetar casos de estudo), e ao espao circundante (arquitetura).

LeBaron (2002) sugere que A tecnologia no existe independentemente do seu uso. Substitua 'atividades, artefatos e ambientes' por 'tecnologia' e a mensagem continua sendo a mesma – estes elementos no podem definir novas formas de prtica, mas so constitudos na prticas. Um ambiente projetado para uma forma desejada de prtica se realiza atravs das aes organizadas dos seus habitantes. Ferramentas e artefatos so apenas ferramentas e artefatos, tornando-se relevantes pelos participantes na sua prtica. At mesmo as atividades so apenas consideradas reconhecveis pelo modo que os participantes orientam-se a elas como formas ordenadas de ao conjunta.

Projeto de software para CSCL, conseqentemente, deve ser acoplado anlise dos significados construdos dentro das prticas emergentes. Significados refletem experincias passadas e esto abertos para negociaes e reavaliaes a todo tempo. Alm do mais, nem os analistas nem os participantes tm acesso privilegiado s interpretaes subjetivas dos outros. Apesar destas questes, os participantes se engajam rotineiramente em atividades coordenadas e operam como se o compartilhamento de entendimentos fosse possvel e alcanvel. Uma questo fundamental, conseqentemente, : Como isto feito? Para projetar tecnologia para dar suporte aprendizagem colaborativa e construo de conhecimento, ns temos que entender mais detalhadamente como grupos pequenos de aprendizes constroem significados compartilhados usando vrios artefatos e mdias.

A questo de como a intersubjetividade acontece tem sido abordada em uma variedade de disciplinas especializadas tais como a pragmtica (Levinson, 2000; Sperber & Wilson, 1982), a psicologia social (Rommetveit, 1974), a antropologia lingstica (Hanks, 1996) e a sociologia (cd. Goffman, 1974), especialmente pesquisa sociolgica na tradio etnometodolgica (Garfinkel, 1967; Heritage, 1984). O problema da intersubjetividade de relevncia especial para aqueles que querem entender como a aprendizagem produzida na interao. A aprendizagem pode ser construda como o ato de colocar significados divergentes em contato (Kicks, 1996), e a instruo como os ajustes sociais e materiais que fomentem tal negociao. A anlise das prticas de construo de significado remete apropriao dos mtodos e preocupaes da psicologia (especialmente no que tange aos aspectos discursivas e culturais), sociologia (especialmente as tradies micro sociolgicas e etnometodolgicas), antropologia (incluindo a antropologia lingstica e antropologias do ambiente circundante), pragmtica, filosofia, estudos de comunicao, cincia organizacional e outros.

A pesquisa na CSCL tem tanto componentes analticos como de projeto. A anlise da construo de significado indutiva. Ela busca apenas descobrir o qu as pessoas esto fazendo a cada momento nas interaes, sem prescrio ou avaliao. O projeto, por outro lado, prescritivo por natureza – qualquer esforo para reformulao comea da pressuposio que h maneiras melhores e piores de se fazer as coisas. Entretanto, projetar para melhorar a construo de significado, requer rigorosos estudos de prticas. Desta forma, a relao entre anlise e projeto simbitica – o projeto deve ser orientado pela anlise, mas a anlise tambm depende do projeto quanto sua orientao ao objeto analtico (Koschmann et al., 2005).

A CSCL deve continuar com o seu trabalho de auto-inveno. Novas teorias devem ser introduzidas, anlises das prticas da aprendizagem apresentadas, e artefatos produzidos acompanhados das teorias que explicitem como eles podem contribuir construo de significado. O projeto da tecnologia CSCL, que abre novas possibilidades aprendizagem colaborativa, deve ser fundamentado na anlise da natureza da aprendizagem colaborativa.

A anlise da aprendizagem colaborativa

Koschmann (2002b) apresentou uma descrio programtica da CSCL ao discursar como preletor da conferncia CSCL 2002:

CSCL uma rea de estudo envolvida primordialmente com significado e prticas da construo de significado no contexto da atividade conjunta, e com as formas nas quais estas prticas so mediadas atravs de artefatos projetados. (p. 18)

O aspecto da aprendizagem colaborativa que talvez o mais difcil de se entender em detalhe o que pode ser chamado de prticas da construo de significado no contexto de atividades conjuntas, aprendizagem intersubjetiva (Suthers, 2005) ou cognio em grupo (Stahl, 2006). Esta a aprendizagem que no se realiza simplesmente na interao, mas que est realmente constituda nas interaes entre participantes. Conforme Garfinkel, Koschmann et al. (2005) argumentaram a favor do estudo dos mtodos dos membros do grupo construo de significado: como os participantes em tais situaes [instrucionais] realmente saem construindo aprendizagem (nfase no original). Para entender melhor como os processos cognitivos dos participantes so influenciados pela interao social, ns precisamos entender como os eventos da aprendizagem propriamente ditos acontecem nas interaes entre os participantes.

O estudo da construo conjunta de significado ainda no proeminente dentro da prtica da CSCL. Mesmo quando os processos de interao (em vez dos resultados da aprendizagem individual) so examinados em detalhe, a anlise tipicamente feita atravs da designao de cdigos para categorias e da contagem de caractersticas pr-definidas. No fundo, esta codificao substitui categorias pr-concebidas de comportamento para o fenmeno de interesse, no lugar de procurar descobrir estes fenmenos em suas situaes nicas (Stahl, 2002).

Poucos estudos publicados na literatura da CSCL atacaram diretamente este problema que a descrio do qu constitui a intersubjetividade na interao (por exemplo, Koschmann et al., 2003; Koschmann et al., 2005; Roschelle, 1996; Stahl, 2006). No seu estudo, Roschelle projetou um software especial para dar suporte construo de significados relacionados com a fsica, definiu atividades didticas para engajar os aprendizes na soluo conjunta destes problemas e analisou as suas prticas colaborativas detalhadamente. O trabalho de Koschmann de uma forma geral investigou a emergncia da problematizao: como grupos de alunos caracterizam coletivamente uma situao como problemtica e portanto, sujeita a uma anlise mais profunda.

Stahl (2006) argumenta que grupos pequenos so as melhores unidades de investigao para o estudo da construo de significado intersubjetiva, por vrias razes. Objetivamente, nos grupos pequenos os mtodos dos membros para a aprendizagem intersubjetiva podem ser observados. Grupos de vrios membros possibilitam o aparecimento que uma extensa gama de interaes sociais, mas no devem ser to grandes a ponto dos pesquisadores se perderem. A construo compartilhada de significado mais visvel e disponvel para pesquisa na unidade de investigao caracterizada pelo grupos pequeno, onde ela aparece como cognio do grupo. Grupos pequenos, alm de se localizarem na fronteira entre os indivduos e uma comunidade, fazem a sua mediao. A construo de conhecimento em grupos pequenos torna-se internalizada pelos seus membros como aprendizagem individual e externalizada nas suas comunidades como conhecimento certificvel (Stahl, 2006). Entretanto, grupos pequenos no devem ser o nico agrupamento social estudado. A anlise de mudanas de larga escala em comunidades e organizaes pode levar a um entendimento do fenmeno da aprendizagem social emergente, bem como elucidar o papel dos grupos responsveis em conduzir estas mudanas.

O estudo da aprendizagem intersubjetiva realizada de forma interativa ou cognio do grupo implica em questes interessantes que so as mais desafiadoras de qualquer cincia social-comportamental, e tambm tocam na nossa natureza como seres conscientes. O fenmeno cognitivo acontece transpessoalmente no discurso do grupo? Como possvel aprendizagem, geralmente aceita como uma funo cognitiva, ser distribuda entre pessoas e artefatos? Como ns podemos entender o conhecimento como a realizao de uma prtica em vez de uma posse ou at mesmo pr-disposio?

A anlise do suporte computacional

No contexto da CSCL, as interaes entre os membros do grupo so mediadas pelos ambientes computacionais. A segunda metade da definio programtica de Koschmann no domnio da CSCL diz que as formas que estas prticas [construo de significado no contexto da atividade conjunta] so mediadas atravs de artefatos projetados. Suporte computacional para a construo intersubjetiva de significado o que faz esta rea ser nica.

O lado tecnolgico da agenda da CSCL foca no projeto e no estudo de tecnologias fundamentalmente sociais. Ser fundamentalmente social implica na tecnologia ser projetada especificamente para mediar e encorajar aes sociais que constituem a aprendizagem em grupo e levam aprendizagem individual. O projeto deve alavancar as oportunidades nicas oferecidas pela tecnologia em vez de replicar suporte aprendizagem que poderia ser feita atravs de outros meios, ou (pior ainda) tentar forar a tecnologia a servir para algo ao qual no adequada. O que que nico na tecnologia da informao que poderia potencialmente se enquadrar neste papel?

             O meio computacional reconfigurvel. Representaes so dinmicas: fcil mover coisas e reverter aes. fcil replicar estas aes em outro lugar: pode-se superar tempo e espao. Estas caractersticas fazem a tecnologia da informao ser atrativa como um canal de comunicao, todavia, devemos explorar a tecnologia pelo seu potencial de tornar possveis novas interaes, e no us-la para replicar a interao face-a-face.

             Ambientes de comunicao mediados pelo computador transformam comunicao em substncia (Dillenbourg, 2005). O registro de uma atividade pode ser mantido, reapresentado e at mesmo modificado com um produto. Devemos explorar o potencial dos registros da interao e da colaborao como um recurso aprendizagem intersubjetiva.

             O meio computacional pode analisar o estado da rea de trabalho e as seqncias de interao, e de acordo com estas informaes, se reconfigurar ou oferecer dicas. Devemos explorar o potencial adaptativo deste meio de modo a influenciar no curso dos processos intersubjetivos e tirar vantagem de suas habilidades de sinalizar, analisar e responder seletivamente.

A comunicao humana e o uso de recursos representacionais para esta comunicao muito flexvel: tecnologias podem abrir possibilidades, mas elas no podem consertar significados ou nem mesmo especificar funes comunicativas (Dwyer & Suthers, 2005). Ciente disto, a pesquisa na CSCL precisa identificar as vantagens nicas do meio computacional, e explorar como usado pelos colaboradores e como influencia a construo de significado. A partir desta realidade, iremos projetar tecnologias que ofeream conjuntos de funcionalidades com as quais os participantes possam engajar-se de forma interativa na aprendizagem, sob variadas formas de orientao.

A multidisciplinaridade da CSCL

CSCL pode ser atualmente caracterizada como constituda por trs tradies metodolgicas: experimental, descritiva e projeto iterativo.

Muitos estudos empricos da CSCL seguem o paradigma experimental dominante que compara uma interveno a uma condio de controle em termos de uma ou mais variveis (ex: Baker & Lund, 1997; Rummel & Spada, 2005;Suthers & Hundhausen, 2003; Van Der Pol, Admiraal, & Simons, 2003; Weinberger et al., 2005). A anlise de dados na maioria destes estudos feita atravs de codificao e contagem: interaes so categorizadas e/ou os resultados da aprendizagem medidos, e as mdias do grupo so comparadas atravs de mtodos estatsticos, a fim de tirar concluses gerais sobre os efeitos das variveis manipuladas sobre comportamento agregado do grupo (mdia aritmtica). Estes estudos no analisam diretamente a realizao da aprendizagem intersubjetiva. Uma anlise apropriada deve examinar a estrutura e inteno dos casos notveis de interao em vez de contar e agregar categorias comportamentais.

A tradio etnometodolgica (exemplificada na CSCL por Koschmann et al., 2003; Koschmann et al., 2005; Roschelle, 1996; Stahl, 2006) mais adequada anlise descritiva de casos. Vdeos ou transcries dos aprendizes ou de outros membros da comunidade de aprendizagem so estudados para descobrir os mtodos atravs dos quais grupos conseguem aprender. Esta abordagem guiada pelos dados, e busca descobrir padres nos dados em vez de impor categorias tericas. A anlise freqentemente micro analtica, examinando episdios breves em grande nvel de detalhe. Metodologias descritivas so adequadas para afirmaes existencialmente quantificveis (Ex: que uma comunidade algumas vezes se engaja em uma determinada prtica). No entanto, por sermos cientistas e projetistas, gostaramos de fazer generalizaes causais sobre os efeitos das escolhas de projeto. Metodologias descritivas so menos adequadas para fornecer provas quantitativas sobre os efeitos de uma interveno, que a esfera da metodologia experimental, ainda que se possa freqentemente entender como as prticas muito gerais funcionam.

Dentre os mtodos analticos tradicionais da psicologia experimental, faltam os mtodos dos membros do grupo atravs dos quais a aprendizagem colaborativa alcanada – a construo intersubjetiva de significado. Mas isto no quer dizer que todas as pesquisas na CSCL devam ser etnometodolgicas. Mais do que isso, as consideraes anteriores sugerem que exploremos metodologias hbridas de pesquisa (Johnson & Onwuegbuzie, 2004). Projetos experimentais podem continuar a comparar intervenes, mas as comparaes seriam feitas dentro dos termos das caractersticas identificadas nas micro anlises de como a tecnologia da informao influencia, e apropriada para os mtodos dos membros do grupo na construo conjunta de significados. Conceitualmente, a anlise do processo muda do codificar e contar para o explorar e entender as formas nas quais variveis de projeto influenciam o suporte para a construo de significado. Tais anlises consomem tempo: devemos explorar, de modo a nos auxiliar nas pesquisas, o desenvolvimento de instrumentao para os ambientes de aprendizagem e da visualizao automatizada e da consulta dos logs de interao (como em Cakir et al., 2005; Donmez et al., 2005). Por outro lado, as anlises tradicionais, especialmente os resultados das medidas da aprendizagem, alm do codificar e contar, tambm devem ser usados de modo a obter indicadores rpidos de onde anlises detalhadas so necessrias, conseqentemente, voltando o foco para o detalhamento do trabalho (como em Zemel, Xhafa, & Stahl, 2005).

A tradio do projeto iterativo exemplificada por Fischer & Ostwald (2005), Lingnau, et al. (2003) e Guzdial et al. (1997). Guiados pelas interaes entre teorias que esto a evoluir, observaes informais e do engajamento das partes interessadas, pesquisadores orientados a projetos aperfeioam continuamente os artefatos destinados mediao da aprendizagem e da colaborao. Suas pesquisas no so necessariamente nem qualitativas nem quantitativas, mas tambm podem ser interrogativas (Goldman, Crosby, & Shea, 2004) – explorativas e intervencionistas. No basta somente observar o comportamento das pessoas ao usarem um software novo. Precisamos explorar os espaos de design possveis, adentrando novas reas e identificando caractersticas promissoras que devem ser mais profundamente estudadas sob o crivo de outras tradies metodolgicas. Projetistas devem conduzir micro anlises da aprendizagem colaborativa com e pela tecnologia, de modo a identificar as caractersticas dos artefatos projetados que aparentam ter correlao com a aprendizagem efetiva. Quando uma nova tcnica de interveno testada, mtodos experimentais podem ser usados para documentar diferenas significativas enquanto que mtodos descritivos podem documentar como as intervenes medeiam as interaes colaborativas de forma diferente. A conversao entre as pressuposies tericas da etnometodologia e as do projeto podem levar a uma tecnometodologia que altera a essncia dos objetivos do projeto (Button & Dourish, 1996).

importante ressaltar uma limitao potencial das metodologias descritivas. Se focarmos em achar exemplos de como os membros alcanam de modo efetivo a aprendizagem, podemos suprimir muitos exemplos de como eles tambm falham em alcan-la. No entanto, para tentarmos achar algo que no existe, precisamos ter uma idia do que estamos procurando. Uma iniciativa puramente guiada por dados que leva a uma teoria, mas que nunca a aplica, no adequada. Mtodos descritivos podem ser modificados para atender esta necessidade. Padres comuns encontrados em episdios da aprendizagem efetiva subseqentemente tornam-se as categorias tericas que procuramos em algum outro lugar com mtodos analticos, e talvez no estejam presentes em instncias de colaborao mal-sucedidas. Tendo identificado onde os mtodos bem-sucedidos no foram aplicados, podemos ento examinar a situao para determinar qual condio faltou ou foi a responsvel pelo insucesso. Instncias nicas ou que no podem ser reproduzidas nas quais a colaborao usando tecnologia falha, provem introspeces sobre o que est acontecendo, mas normalmente passam despercebidas. Entretanto, deve-se ter cuidado em garantir que ao se achar exemplos de casos onde a interao que leva aprendizagem no foi alcanada, no se percam de vista outros xitos alcanados pelos participantes! Por exemplo, o estabelecimento e a manuteno da identidade individual e do grupo so importantes para os participantes (Whitworth, Gallupe, & MCQueen, 2000), e certamente so uma forma de aprendizagem situada, ainda que pesquisadores possam inicialmente identificar isto como um bate-papo despropositado.

Pesquisa em CSCL no futuro

Vimos que a pesquisa em CSCL deve responder a mltiplos objetivos e restries. A comunidade de pesquisa necessariamente inclui pessoas de uma variedade de experincias e profisses e de abordagens de pesquisa. Eles trazem consigo os seus diferentes paradigmas, vises contrastantes sobre os dados, mtodos de anlise, formatos de apresentao, conceitos de rigor e vocabulrios tcnicos. Eles vm de todas as partes do mundo com suas diversas culturas e lnguas nativas. CSCL uma rea que evolui rapidamente, estando localizada na interseo de outras reas (como as cincias da aprendizagem em geral) que esto em constante transformao. Participantes da comunidade esto a todo tempo operando dentro das diversas concepes da CSCL. Por exemplo, Sfard (1998) define duas amplas e irreconciliveis metforas da aprendizagem que so relevantes CSCL, em uma das quais, a metfora da aquisio, a aprendizagem consiste de aquisio individual de conhecimento armazenado nas suas mentes, e a metfora da participao, na qual a aprendizagem consiste das participaes crescentes em comunidades de prtica. Lipponen, Hakkarainen & Paavola, (2004) acrescentam uma terceira metfora baseada em Bereiter (2002) e Engestrm (1987): a metfora da criao do conhecimento, na qual novos objetos de conhecimento ou prticas sociais so criados por meio da colaborao. Conseqentemente, difcil apresentar uma definio nica, consistente e compreensvel da teoria da CSCL, assim como das suas metodologia, descobertas ou melhores prticas. De certo modo, somos forados a concluir que a CSCL hoje necessariamente segue abordagens aparentemente irreconciliveis – como Sfard argumenta. Pode-se especular que abordagens mais integradas e hbridas venham a ser possveis no futuro, como tentamos sugerir.

A metodologia de pesquisa em CSCL est segmentada em trs abordagens: experimental, descritiva e projeto iterativo. Apesar de algumas vezes combinadas em um nico projeto de pesquisa, as metodologias ainda assim, so mantidas separadas acompanhadas de estudos ou anlises parte de um nico estudo. Pesquisadores s vezes vestem chapus diferentes num mesmo projeto, representando interesses variados de pesquisa e metodologias. Esta situao pode ser produtiva: os experimentalistas continuam a identificar variveis que afetam parmetros gerais do comportamento colaborativo, os etnometodologistas identificam padres de atividades conjuntas que so essenciais construo de significado, e os projetistas (iterativos) inovam ao adaptar de forma criativa novas possibilidades tecnolgicas. Entretanto, experimentalistas podem comear a focar nas variveis dependentes que refletem diretamente o fenmeno de interesse para os pesquisadores descritivos (Fischer & Granoo, 1995), etnometodologistas podem buscar regularidades pressagiosas na construo de significados mediados por tecnologia que possam orientar o projeto, e os projetistas (iterativos) podem gerar e estimar novas possibilidades tecnolgicas baseadas nas atividades de construo de significado que elas propiciam. Assistncia mtua e colaborao prxima so possveis atravs de metodologias hbridas, como por exemplo, aplicao de mtodos analticos descritivos mais ricos compreenso das implicaes das manipulaes experimentais e dos novos projetos iterativos, ou atravs do suporte computacional s suas prprias atividades de construo de significado como pesquisadores.

Pesquisadores da CSCL formam uma comunidade de investigao que est ativamente construindo novas formas de colaborar no projeto, anlise e implementao do suporte computacional aprendizagem colaborativa. Uma conjunto amplo de mtodos de pesquisa das cincias da aprendizagem pode ser til na anlise da aprendizagem colaborativa com suporte computacional. Tendo as idias, mtodos e funcionalidades apropriadas das reas correlacionadas, a CSCL pode em sua prxima fase construir colaborativamente novas teorias, metodologias e tecnologias especficas tarefa de analisar as prticas sociais da construo de significado intersubjetiva a fim de dar suporte aprendizagem colaborativa. Os autores deste artigo argumentaram que a CSCL deve focar nas prticas de construo de significado em grupos que colaboram e no projeto dos artefatos tecnolgicos para mediar interao, em vez de focar na aprendizagem individual. Se este foco pode, vai ou poder levar a um framework terico coerente e a metodologias de pesquisa CSCL est para ser visto.

Agradecimentos

Uma verso deste artigo est sendo publicada como (Stahl, Koshmann, & Suthers, 2006). Ela beneficiou-se das sugestes editoriais de Keith Sawyer.

Referncias

Andriessen, J., Baker, M., & Suthers, D. (Eds.). (2003). Arguing to learn: Confronting cognitions in computer-supported collaborative learning environments. Dordrecht, Netherlands: Kluwer Academic Publishers. In P. Dillenbourg (Ed.) Computer-supported collaborative learning book series, vol 1.

Baker, M., & Lund, K. (1997). Promoting reflective interactions in a CSCL environment. Journal of Computer Assisted Learning, 13, 175-193.

Bereiter, C. (2002). Education and mind in the knowledge age. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum Associates.

Bromme, R., Hesse, F. W., & Spada, H. (Eds.). (2005). Barriers and biases in computer-mediated knowledge communication, and how they may be overcome. New York, NY: Springer. In P. Dillenbourg (Ed.) Computer-supported collaborative learning book series, vol 5.

Bruce, B. C., & Rubin, A. (1993). Electronic quills: A situated evaluation of using computers for writing in classrooms. Hillsdale, NY: Lawrence Erlbaum Associates.

Bruffee, K. (1993). Collaborative learning. Baltimore, MD: Johns Hopkins University Press.

Button, G. Y., & Dourish, P. (1996). Technomethodology: Paradoxes and possibilities. Paper presented at the ACM Conference on Human Factors in Computing Systems (CHI '96), Vancouver, Canada. Proceedings pp. 19-26.

Cakir, M., Xhafa, F., Zhou, N., & Stahl, G. (2005). Thread-based analysis of patterns of collaborative interaction in chat. Paper presented at the international conference on AI in Education (AI-Ed 2005), Amsterdam, Netherlands.

Cole, M. (1996). Cultural psychology: A once and future discipline. Cambridge, MA: Harvard University Press.

Crook, C. (1994). Computers and the collaborative experience of learning. London, UK: Routledge.

Cuban, L. (1986). Teachers and machines: The classroom use of technology since 1920. New York, NY: Teachers College Press.

Dillenbourg, P., Baker, M., Blaye, A., & O'Malley, C. (1996). The evolution of research on collaborative learning. In P. Reimann & H. Spada (Eds.), Learning in humans and machines: Towards an interdisciplinary learning science (pp. 189-211). Oxford, UK: Elsevier.

Dillenbourg, P. (1999a). What do you mean by "collaborative learning"? In P. Dillenbourg (Ed.), Collaborative learning: Cognitive and computational approaches (pp. 1-16). Amsterdam, NL: Pergamon, Elsevier Science.

Dillenbourg, P. (2005). Designing biases that augment socio-cognitive interactions. In R. Bromme, F. Hesse & H. Spada (Eds.), Barriers and biases in computer-mediated knowledge communication--and how they may be overcome. Dordrecht, Netherlands: Kluwer Academic Publisher.

Dillenbourg, P. (Ed.). (1999b). Collaborative learning: Cognitive and computational approaches. Amsterdam, NL: Pergamon, Elsevier Science. In (Ed.).

Donmez, P., Rose, C., Stegmann, K., Weinberger, A., & Fischer, F. (2005). Supporting CSCL with automatic corpus analysis technology. Paper presented at the International Conference of Computer Support for Collaborative Learning (CSCL 2005), Taipei, Taiwan.

Dwyer, N., & Suthers, D. (2005). A study of the foundations of artifact-mediated collaboration. Paper presented at the international conference of Computer-Supported Collaborative Learning (CSCL 2005), Taipei, Taiwan.

Engestrm, Y. (1987). Learning by expanding: An activity-theoretical approach to developmental research. Helsinki, Finland: Orienta-Kosultit Oy.

Fischer, G., & Ostwald, J. (2005). Knowledge communication in design communities. In R. Bromme, F. Hesse & H. Spada (Eds.), Barriers and biases in computer-mediated knowledge communication--and how they may be overcome. Dordrecht, Netherlands: Kluwer Academic Publisher.

Fischer, K., & Granoo, N. (1995). Beyond one-dimensional change: Parallel, concurrent, socially distributed processes in learning and development. Human Development, 1995 (38), 302-314.

Garfinkel, H. (1967). Studies in ethnomethodology. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall.

Goffman, E. (1974). Frame analysis: An essay on the organization of experience. New York, NY: Harper & Row.

Goldman, R., Crosby, M., & Shea, P. (2004). Introducing quisitive research: Expanding qualitative methods for describing learning in ALN. In R. S. Hiltz & R. Goldman (Eds.), Learning together online: Research on asynchronous learning networks (pp. 103-121). Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates.

Goodyear, P., Banks, S., Hodgson, V., & McConnell, D. (Eds.). (2004). Advances in research on networked learning. Dordrecht, Netherlands: Kluwer Academic Publishers. In P. Dillenbourg (Ed.) Computer-supported collaborative learning book series, vol 4.

Gruber, S., Peyton, J. K., & Bruce, B. C. (1995). Collaborative writing in multiple discourse contexts. Computer-Supported Cooperative Work, 3, 247-269.

Guzdial, M., Hmelo, C., Hubscher, R., Newstetter, W., Puntambekar, S., Shabo, A., et al. (1997). Integrating and guiding collaboration: Lessons learned in computer-supported collaboration learning research at Georgia Tech. Paper presented at the international conference on Computer-Supported Collaborative Learning (CSCL '97), Toronto, Canada. Proceedings pp. 91-100.

Hanks, W. (1996). Language and communicative practices. Boulder, CO: Westview.

Heritage, J. (1984). Garfinkel and ethnomethodology. Cambridge, UK: Polity Press.

Hicks, D. (1996). Contextual inquiries: A discourse-oriented study of classroom learning. In D. Hicks (Ed.), Discourse, learning and schooling (pp. 104-141). New York, NY: Cambridge University Press.

Hoadley, C. (2005). The shape of the elephant: Scope and membership of the CSCL community. Paper presented at the international conference of Computer-Supported Collaborative Learning (CSCL 2005), Taipei, Taiwan.

Johnson, R. B., & Onwuegbuzie, A. J. (2004). Mixed methods research: A research paradigm whose time has come. Educational Researcher, 33 (7), 14-26.

Kienle, A., & Wessner, M. (2005). Our way to Taipei: An analysis of the first ten years of the CSCL community. Paper presented at the international conference of Computer-Supported Collaborative Learning (CSCL 2005), Taipei, Taiwan.

Koschmann, T. (1996a). Paradigm shifts and instructional technology. In T. Koschmann (Ed.), CSCL: Theory and practice of an emerging paradigm (pp. 1-23). Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum.

Koschmann, T. (2002a). Dewey's critique of Thorndike's behaviorism. Paper presented at the AERA 2002, New Orleans, LA.

Koschmann, T. (2002b). Dewey's contribution to the foundations of CSCL research. In G. Stahl (Ed.), Computer support for collaborative learning: Foundations for a CSCL community: Proceedings of CSCL 2002 (pp. 17-22). Boulder, CO: Lawrence Erlbaum Associates.

Koschmann, T., Zemel, A., Conlee-Stevens, M., Young, N., Robbs, J., & Barnhart, A. (2003). Problematizing the problem: A single case analysis in a dPBL meeting. In B. Wasson, S. Ludvigsen & U. Hoppe (Eds.), Designing for change in networked learning environments: Proceedings of the international conference on computer support for collaborative learning (CSCL '03) (pp. 37-46). Bergen, Norway: Kluwer Publishers.

Koschmann, T., Stahl, G., & Zemel, A. (2005). The video analyst's manifesto (or the implications of Garfinkel's policies for the development of a program of video analytic research within the learning sciences). In R. Goldman, R. Pea, B. Barron & S. Derry (Eds.), Video research in the learning sciences. Retrieved from http://GerryStahl.net/publications/journals/manifesto.pdf.

Koschmann, T. (Ed.). (1996b). CSCL: Theory and practice of an emerging paradigm. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum Associates. In (Ed.).

Koschmann, T., Hall, R., & Miyake, N. (Eds.). (2002). CSCL2: Carrying forward the conversation. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates. In (Ed.).

Lave, J. (1991). Situating learning in communities of practice. In L. Resnick, J. Levine & S. Teasley (Eds.), Perspectives on socially shared cognition (pp. 63-83). Washington, DC: APA.

Lave, J., & Wenger, E. (1991). Situated learning: Legitimate peripheral participation. Cambridge, UK: Cambridge University Press.

LeBaron, C. (2002). Technology does not exist independent of its use. In T. Koschmann, R. Hall & N. Miyake (Eds.), CSCL 2: Carrying forward the conversation (pp. 433-439). Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates.

Levinson, S. C. (2000). Presumptive meanings: The theory of generalized conversational implicature. Cambridge, MA: MIT Press.

Lingnau, A., Hoppe, H. U., & Mannhaupt, G. (2003). Computer supported collaborative writing in an early learning classroom. Journal of Computer Assisted Learning, 19 (2), 186-194.

Lipponen, L., Hakkarainen, K., & Paavola, S. (2004). Practices and orientations of CSCL. In J.-W. Strijbos, P. Kirschner & R. Martens (Eds.), What we know about CSCL: And implementing it in higher education (pp. 31-50). Dordrecht, Netherlands: Kluwer Academic Publishers.

Newman, D., Griffin, P., & Cole, M. (1989). The construction zone: Working for cognitive change in schools. Cambridge, UK: Cambridge University Press.

Nicolopoulou, A., & Cole, M. (1993). Generation and transmission of shared knowledge in the culture of collaborative learning: The fifth dimension, its playworld and its institutional contexts. In E. Forman, N. Minnick & C. A. Stone (Eds.), Contexts for learning: Sociocultural dynamics in children's development. New York, NY: Oxford University Press.

O'Malley, C. (1995). Computer supported collaborative learning. Berlin, Germany: Springer Verlag.

Rommetveit, R. (1974). On message structure: A framework for the study of language and communication. New York, NY: Wiley & Sons.

Rorty, R. (1974). Philosophy and the mirror of nature. Princeton, NJ: Princeton University Press.

Roschelle, J., & Teasley, S. (1995). The construction of shared knowledge in collaborative problem solving. In C. O'Malley (Ed.), Computer-supported collaborative learning (pp. 69-197). Berlin, Germany: Springer Verlag.

Roschelle, J. (1996). Learning by collaborating: Convergent conceptual change. In T. Koschmann (Ed.), CSCL: Theory and practice of an emerging paradigm (pp. 209-248). Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum Associates.

Rummel, N., & Spada, H. (2005). Sustainable support for computer-mediated collaboration: How to achieve and how to assess it. In R. Bromme, F. Hesse & H. Spada (Eds.), Barriers and biases in computer-mediated knowledge communication--and how they may be overcome. Dordrecht, Netherlands: Kluwer Academic Publisher.

Sacks, H. (1992). Lectures on conversation. Oxford, UK: Blackwell.

Scardamalia, M., & Bereiter, C. (1991). Higher levels of agency in knowledge building: A challenge for the design of new knowledge media. Journal of the Learning Sciences, 1, 37-68.

Scardamalia, M., & Bereiter, C. (1996). Computer support for knowledge-building communities. In T. Koschmann (Ed.), CSCL: Theory and practice of an emerging paradigm (pp. 249-268). Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum Associates.

Sfard, A. (1998). On two metaphors for learning and the dangers of choosing just one. Educational Researcher, 27 (2), 4-13.

Sperber, D., & Wilson, D. (1982). Mutual knowledge and relevance of theories of comprehension. In N. V. Smith (Ed.), Mutual knowledge. New York, NY: Academic Press.

Stahl, G. (2002). Rediscovering CSCL. In T. Koschmann, R. Hall & N. Miyake (Eds.), CSCL 2: Carrying forward the conversation (pp. 169-181). Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum Associates. Retrieved from http://GerryStahl.net/cscl/papers/ch01.pdf.

Stahl, G. (2006). Group cognition: Computer support for building collaborative knowledge. Cambridge, MA: MIT Press. Retrieved from http://GerryStahl.net/mit/.

Stahl, G., Koschmann, T., & Suthers, D. (2006). Computer-supported collaborative learning. In R. K. Sawyer (Ed.), Cambridge handbook of the learning sciences. Cambridge, UK: Cambridge University Press.

Strijbos, J.-W., Kirschner, P., & Martens, R. (Eds.). (2004). What we know about CSCL ... And implementing it in higher education. Dordrecht, Netherlands: Kluwer Academic Publishers. In P. Dillenbourg (Ed.) Computer-supported collaborative learning book series, vol 3.

Suthers, D., & Hundhausen, C. (2003). An empirical study of the effects of representational guidance on collaborative learning. Journal of the Learning Sciences, 12 (2), 183-219.

Suthers, D. (2005). Technology affordances for intersubjective learning: A thematic agenda for CSCL. Paper presented at the international conference of Computer Support for Collaborative Learning (CSCL 2005), Taipei, Taiwan.

ten Have, P. (1999). Doing conversation analysis: A practical guide. Thousand Oaks, CA: Sage.

Thorndike, E. L. (1912). Education: A first book. New York, NY: Macmillan.

Van Der Pol, J., Admiraal, W., & Simons, R.-J. (2003). Grounding in electronic discussions: Standard (threaded) versus anchored discussion. Paper presented at the international conference of Computer-Supported Collaborative Learning (CSCL 2003), Bergen, Norway. Proceedings pp. 77-81.

Vygotsky, L. (1930/1978). Mind in society. Cambridge, MA: Harvard University Press.

Wasson, B., Ludvigsen, S., & Hoppe, U. (Eds.). (2003). Designing for change in networked learning environments: Proceedings of the international conference on computer support for collaborative learning 2003. Dordrecht, Netherlands: Kluwer Academic Publishers. In P. Dillenbourg (Ed.) Computer-supported collaborative learning book series, vol 2.

Weinberger, A., Reiserer, M., Ertl, B., Fischer, F., & Mandl, H. (2005). Facilitating collaborative knowledge construction in computer-mediated learning environments with cooperation scripts. In R. Bromme, F. Hesse & H. Spada (Eds.), Barriers and biases in computer-mediated knowledge communication--and how they may be overcome. Dordrecht, Netherlands: Kluwer Academic Publisher.

Whitworth, B., Gallupe, B., & McQueen, R. (2000). A cognitive three-process model of computer-mediated group interaction. Group Decision and Negotiation, 9, 431-456.

Zemel, A., Xhafa, F., & Stahl, G. (2005). Analyzing the organization of collaborative math problem-solving in online chats using statistics and conversation analysis. Paper presented at the CRIWG International Workshop on Groupware, Racife, Brazil.